Dinheiro ilegal que sai do Brasil dobrou entre 2010 e 2012, diz ONG

Mais de US$ 30 bilhões (R$ 67 bilhões) de dinheiro ligado ao crime, à corrupção e à fraude fiscal saem do Brasil todos os anos – o dobro do valor verificado na década anterior. A média saltou de US$ 14,7 bilhões anuais entre 2000 e 2010 para US$ 33,7 bilhões por ano entre 2010 a 2012. Os dados constam em um relatório da ONG norte-americana Global Financial Integrity (GFI).

O dinheiro ilícito sai do país principalmente através de mecanismos comerciais de falsificação de preços, como o superfaturamento de mercadorias. Essa modalidade representa mais de 90% dos US$ 400 bilhões que deixaram o Brasil entre 1960 e 2012. A perda anual representa 1,5% do Produto Interno Bruto do país.

As perdas efetivas são seguramente ainda maiores, segundo a GFI, pois essa estimativa não contabiliza as transferências físicas de dinheiro sujo - método utilizado, por exemplo, por traficantes de droga – nem as transferências entre filiais de multinacionais.

“O Brasil tem um grande problema de fluxos financeiros ilícitos. Sua redução deve ser uma das prioridades para o vencedor das próximas eleições”, afirma Raymond Baker, presidente da GFI, que tem sede em Washington.

Fuga da capitais enfraquece economia

A presidente Dilma Rousseff chegou a afastar ministros e diretores acusados de corrupção no inicio de seu mandato, mas esses esforços foram eclipsados por diversos casos de corrupção ao longo dos últimos anos, como o superfaturamento de obras da Copa do Mundo. Agora, a companhia petroleira Petrobras virou palco de denúncias de corrupção a um mês das eleições.

O fluxo de dinheiro ilícito enfraquece ainda mais economia brasileira, que vem perdendo o fôlego, já que os valores poderiam ser utilizados para alimentar o crescimento interno. Com o desenvolvimento do país, a economia informal e ilegal brasileiras perderam importância, representando hoje 20% do PIB, tendo chegado a mais de 50% dos anos 70. Mesmo assim, esse aumento de dinheiro sujo é fonte de preocupação.

“Há vários anos percebemos uma reticência do Brasil em lidar com o problema da fuga da capitais ilícitos”, diz Baker. Ele recomenda uma cooperação apurada entre governos para fechar os caminhos da lavagem de dinheiro e mais transparência nas transações financeiras internacionais.

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